JUSTIFICATIVA:
A democracia é uma complexa teia de relações humanas e sociais, que transcende a divisão de poderes entre Executivo, Legislativo e Judiciário e engloba diversas outras instituições, entre elas, os sindicatos de trabalhadores. Diz-se que o trabalho dignifica o homem, mas a história mostra que um trabalhador sozinho é presa fácil da ganância dos patrões e seu trabalho pode ser aviltado por um salário insuficiente para seu sustento e o de sua família.
O próprio Adam Smith (1723-1790), no livro A Riqueza das Nações, publicado em 1776, reconhece isso. Diz ele: “Os patrões, sendo em menor número, podem se combinar muito mais facilmente, e a lei, além do mais, autoriza, ou pelo menos não proíbe, suas combinações, ao passo que proíbe as dos trabalhadores”. Essa proteção do Estado ao capital, através das próprias leis, atravessou os séculos e fez com que as greves de trabalhadores fossem tratadas como caso de polícia.
No Brasil, a história do sindicalismo é uma história de lutas reprimidas pelo Estado, que colocou a polícia, ao longo da história, à disposição dos patrões para oprimir trabalhadores. Sorocaba faz parte dessa luta. Com a consolidação de sua indústria têxtil, a partir da década de 1890, a cidade passou a contar com grande número de operários, que se mobilizavam por melhores condições de trabalho.
Quando a moderna indústria metalmecânica começou a tomar o lugar da indústria têxtil, o perfil do operariado sorocabano também mudou e surgiu o Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (SMetal), fundado em 1954, mas com raízes no final da década de 1930, quando foi criado o Sindicato dos Operários Metalúrgicos e Classes Anexas de Sorocaba.
Hoje, com mais de 40 mil trabalhadores e trabalhadoras em 14 cidades da Região Metropolitana de Sorocaba, o Smetal é presidido pelo metalúrgico Leandro Soares, que, juntamente com seus companheiros e companheiras de sindicato, faz jus ao conceito de “sindicato-cidadão” que norteia a entidade, cuja luta engloba outras dimensões essenciais da cidadania.
Natural da cidade de São Paulo, onde nasceu em 1982, Leandro Candido Soares é o mais velho dos três filhos do seu Guilhermino dos Santos Soares e da dona Hilda Cândido Soares. Passou a infância na capital e, em 1994, veio com a família para Sorocaba, uma vez que seu pai era metalúrgico na empresa de autopeças Albarus e havia sido transferido para o interior. Leandro tinha 12 anos quando a família se instalou definitivamente na cidade, indo morar no Jardim São Judas Tadeu.
Ele foi matriculado na Escola Estadual Ezequiel Machado Nascimento, no Jardim Santa Rosália. Dono de um visual chamativo, foi apelidado de “Baiano”, um apelido estereotipado, que revelava certo preconceito. Entre os estudos e a adaptação da vida no interior, Leandro mantinha o grande sonho: ser jogador de futebol.
O “Baiano” virou “Baía”, quando ele começou a atuar no gol do time da Faculdade de Engenharia de Sorocaba (Facens). Em 1998, chamou a atenção do Figueirense Futebol Clube e deixou Sorocaba, partindo sozinho para Santa Catarina. Em 2002, Leandro foi para o Caxias, em Joinville.
Mas foi também em 2002 que sua vida acabou tomando outro rumo. Uma infecção de amígdala mal diagnosticada evoluiu para um quadro mais grave de septicemia, que resultou num coma natural e induzido de 24 dias. Leandro sobreviveu, mas o sonho de ser jogador de futebol profissional, infelizmente, não. A doença resultou numa artrose no quadril, sendo responsável pela diminuição de uma de suas pernas, impossibilitando a sua atuação como atleta. Voltou, então, para Sorocaba, aos 20 anos.
Em 2004, foi beneficiado com o sistema de Cotas Para Deficientes (PCD), sancionado pelo presidente Lula, e ingressou na empresa ZF do Brasil Planta 2. Começou na fábrica como operador de máquina, depois passou para preparador e começou a liderar o setor da produção de montagem, onde trabalhava, no segundo turno.
Em 2006, nascia a filha Ingrid, fruto do primeiro casamento.
A militância sindical começou quando Leandro entrou, em 2007, para a Cipa (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes). Ainda sem ligação com o sindicato, o jovem negociou a PPR (Programa de Participação de Resultados) diretamente com os gestores, chegando a um valor que foi aceito pelos trabalhadores da ZF - Planta II. A então interferência nas negociações acabou aproximando-o do movimento sindical e foi convidado para participar da chapa para as próximas eleições da entidade.
Inicialmente, Leandro atuaria na questão de cotas para deficientes, mas, em 2008, já assumiu a coordenação da Juventude Metalúrgica no SMetal e passou a contribuir para expansão do setor com a construção das secretarias nacional e estaduais de Juventude da CUT, como também da Confederação e da Federação.
Já em 2011, tornou-se o primeiro secretário nacional da Juventude da CNM/CUT, com a missão de reaproximar os jovens do debate. Nesse período viajou por todo o Brasil, América Latina e até a países da Europa. As viagens permitiram um intercâmbio de experiências do movimento sindical em nível global.
Na eleição de 2014, Leandro Soares foi eleito secretário-geral da entidade, cargo que ampliou sua atuação. Já de início, retomou políticas de aproximação com a base, movimentos sociais e minorias (mulheres, negros, LBTQIA+ etc). Também teve a responsabilidade de atuar contra as reformas trabalhistas, da terceirização e previdenciária.
Em 2017 assume a presidência do SMetal. O papel de Leandro, desde o primeiro mandato, foi reaproximar a categoria das empresas, diminuir a polarização e construir um diálogo. Assim, conquistou importantes convenções coletivas, evitando que a base não fosse atingida com as reformas. Além disso, buscou investimentos para a cidade gerando emprego e renda para milhares de pessoas.
De 2017 a 2021, a atuação do sindicato reconquistou 2.500 postos de trabalho, lutou pela segurança e saúde dos trabalhadores durante a pandemia, além de garantir o emprego, mais investimentos e acordos, apesar da crise política e social.
Em 2021, encabeçou a Chapa 1 e foi reeleito presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região com 96,4% dos votos. No Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba, trabalha no aprimoramento do conceito de sindicato cidadão, atuando além do “chão de fábrica” e apoiando projetos sociais, esportivos e fomentando o lazer do trabalhador e trabalhadora de Sorocaba e região.
Casado desde 2019 com psicóloga Kátia Leite, Leandro divide o tempo entre a família e a luta sindical. Uma de suas grandes preocupações é a juventude, por perceber que os jovens, que já tiveram a oportunidade de estudo e trabalho, hoje precisam lidar com as consequências da pandemia e de um governo de retrocessos.
Em virtude de seu trabalho sindical em prol da classe trabalhadora e em defesa da cidadania, muito contribuindo com o desenvolvimento de Sorocaba, o sindicalista Leandro Candido Soares faz por merecer o Título de Cidadão Sorocabano, proposto neste Projeto de Decreto Legislativo, para o qual pedimos o apoio dos nobres pares.